Bem ou mal, tudo o que aqui está escrito é da autoria de naomedeemouvidos, salvo citações e/ou transcrições devidamente assinaladas; pontualmente, um texto ou outro baseiam-se em lendas ou histórias conhecidas.
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Marcelo vai sentir saudades da actual composição do Parlamento e, seguramente, o actual Parlamento sentirá saudades do Presidente da República. Deste, pelo menos. É capaz de se tratar de um caso de simbiose mais-que-perfeita porque competentemente, brilhantemente, recíproca, coisa que nem sempre acontecerá no restante mundo animal, onde, segundo julgo saber (o que é sempre um perigo), os dois bichos poderão não desfrutar da coisa com o mesmo prazer. Pode dar-se o caso, também, de não serem ambos bichos, não necessariamente, o que, para o caso, continuará sem interesse nenhum.
É possível que as saudades do Presidente não cheguem, no entanto, para matar ou morrer. As eleições já estão à porta, o povo já está a banhos, os de ética, lavou-os o rio, e Cristas, aparentemente, precisa de ajuda até para mudar de penteado. Em caso de necessidade, António Costa já mostrou que é capaz de comer até o pan que o diabo, que não veio, não precisou de amansar ainda, de modo que, se Marcelo quiser, a próxima legislatura poderá voltar a ser uma bela história da carochinha. Inédita, romântica, eventualmente trôpega, mas já estávamos - e estamos - habituados e assim continuaremos. Somos os melhores.
Entretanto, foi ontem aprovado por unanimidade o relatório final da comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos. Não será exactamente este, mas, não encontrei a versão actualizada.
Entre as conclusões a que parecem ter chegado os deputados estão o falhanço da supervisão por parte do Banco de Portugal, a imprudência na gestão na CGD, a existência de um grupo de poder que reproduziu um padrão de encobrimento mútuo e, claro, papel relevante da crise financeira internacional. É sempre um alívio poder contar com boas causas, incontornáveis, úteis e adequadas, capazes de salvar a salvar a face bonacheirona e abonada das nossas elites da banca, da alta finança e da política.
Deus criou o mundo, e nós encarregamo-nos de criar o resto.
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