Bem ou mal, tudo o que aqui está escrito é da autoria de naomedeemouvidos, salvo citações e/ou transcrições devidamente assinaladas; pontualmente, um texto ou outro baseiam-se em lendas ou histórias conhecidas.
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Eu não gosto de Donald Trump. Não chego a odiá-lo porque, para mim, as palavras realmente importam e, se, por um lado, prefiro não invocá-las em vão, por outro, o homem não merece tal afeição. Já odeio partir uma unha, riscar o salto alto à primeira utilização, que se me acabe o fond de teint sem que eu tenha dado por isso e, last but not least, odeio aquele chove e não molha que me deixa o cabelo pior do que o do Rui Pinto, com a diferença de que eu sou loira. E muito mais gira. De modo que, a César o que é de César, e os ódios às causas que os merecem.
Se não chego a odiar Trump, desprezo tudo o que ele representa. Ainda não superei o trauma de vê-lo como Presidente dos Estados Unidos da América. Vá lá saber-se porquê. Fui uma única vez aos EUA, a Miami (olha, por acaso, quase que odiei…), ainda não visitei a cidade que nunca dorme (imperdoável) e não tenho particular apreço pelo que alguns chamam de sonho americano. Provavelmente, porque pertenço àquele grupo de pessoas que nunca se lembra do que sonha. Enquanto estou a dormir, entenda-se. Sou, no entanto, casada (há mais de duas décadas, valham-me todos os deuses!) com um grande admirador daquele país, e, talvez por isso, me deixe contagiar um pouco; será uma razão tão válida como outra qualquer.
Mas, Donald Trump acabou de dar um pequeno passo e subiu o degrau, o simbólico paralelo 38 que separa a Coreia do Sul da Coreia do Norte. Foi tudo tão rápido, que nem deu para perceber bem a dimensão do gesto, então e se tu me convidasses para dar um saltinho lá à tua terra?; ´bora lá tratar disso, não tenho chás, nem aerossóis, mas, de momento, não prevejo envenenar ninguém; também não gosto muito de cães...; não te preocupes, dei-lhes comida há pouco tempo; great!.
Indiscutivelmente, é melhor para o mundo que Trump seja amigo de Kim Jong-un, em vez de lhe chamar louco e ameaçá-lo com a destruição total e nunca vista. O problema com Trump…é o próprio Trump. Nunca se sabe bem o que vai naquela cabeça laranja-louro, a não ser, a imensa paixão por si próprio, e, tal como Narciso, parece ainda não ter encontrado pátria - no caso; donzela, já tem a agridoce Melania - à altura do seu amor. O povo americano ainda resiste, apesar de tudo, a esse desejo de grandeza alucinada, e, talvez, só talvez, a admiração de Trump por Kim venha dessa ambição tenebrosa, tentadora, de ter um país inteiro à sua mercê. De momento, contentar-se-á com um 4 de Julho de militar pompa e patriótica circunstância. É possível que o resto venha depois. 2020 está mesmo ao virar da esquina histórica que servirá para mostrar ao mundo se melhor é impossível; ou, se já tudo é possível, como acusar uma mulher da morte do seu próprio feto depois de ter sido baleada. É uma nova versão do pôr-se a jeito, uma vez que, Marshae Jones é acusada de provocar a altercação que provocou o disparo que lhe matou o bebé no ventre de cinco meses e, no Alabama, a lei que confere “personalidade” ao feto manda que se trate a mulher como uma mãe imprudente.
Menos mal que Donald Trump já pediu a Putin para que não se intrometa nas próximas eleições americanas. Um homem com visão, aquele Trump. Sempre à frente do seu tempo. E do meu deplorável entendimento.
Espanha prepara-se para produzir um mártir na guerra (não sei se com aspas ou sem aspas…) com a Catalunha. Em pleno século XXI, numa democracia europeia de um país desenvolvido, pondera-se gerar um preso político e pretende-se, com isso, esmagar uma vontade que, legítima ou não, grita cada vez mais alto e não parece querer dar tréguas.
Na Alemanha, pela primeira vez depois da segunda guerra mundial, abriu-se a porta a um partido cujo líder (um deles, pelo menos) apela aos alemães para que “reclamem o seu passado”, enquanto afirma que uma ministra de outro partido deveria ser recambiada para a Anatólia… estendeu-se o tapete vermelho aos representantes do AfD, esse partido (que dizem ser) de extrema-direita, mas que não se identifica como xenófobo, antes se considera uma “alternativa”, essa palavra tão de moda que já não sei bem o que significa.
Entretanto, Kim Jong-Un e Donald Trump continuam a trocar mimos e a brincar aos soldadinhos de chumbo. O primeiro acusa o segundo de declarar guerra à Coreia do Norte e ameaça abater bombardeiros norte-americanos mesmo que em espaço aéreo internacional. O segundo (essa alma que dispara tweets à velocidade da luz, enquanto inventa atentados terroristas na Suécia, confunde a Namíbia com a Nâmbia e evoca a mulher “ausente” que está mesmo ali ao seu lado…) responde ao “homenzinho do foguete” informando-o que “não estarão por aí por muito mais tempo”, um alívio, portanto!
Por cá, as coisas estão bem mais tranquilas. Parece que só temos um candidato racista e xenófobo, a quem (quase) todos os comentadores e cronistas dizem que não se deve dar palco, mas que falam dele todos os dias.
Assim que, nada de novo. É como dizem, tudo está bem quando acaba bem. Oh!, espera…
O presidente dos Estados Unidos e o líder norte-coreano resolveram brincar aos jogos de guerra. De ameaça em ameaça, dois alienados divertem-se a trocar “mimos balísticos”, olha que a minha ogiva é maior do que a tua, e o resto do mundo encolhe-se, imagino, enquanto reza (os que acreditam) a todos os santinhos para porem alguma ordem nisto.
Enquanto Kim Jong-un está preparado para dar uma “lição severa” aos EUA, Donal Trump ameaça “brindar” a Coreia do Norte com “fogo e fúria como o mundo nunca viu”. Nós é que não estamos preparados para nada disto, digo eu, pelo que, convinha que alguém que perceba alguma coisa disto tomasse as rédeas da situação, ou a humanidade vai acabar muito mais cedo do que previa Stephen Hawking aqui há uns meses atrás…
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